Terra

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terça-feira, 28 de março de 2023

HÍDRICOS guerreiros

 Se os humanos tivessem batizado o seu planeta a partir de um olhar do espaço, este ter-se-ia chamado água. É um composto químico constituído por dois átomos de hidrogénio ligados a um de oxigénio. Esteve sempre presente na história da humanidade, a escassez de água pode levar ao declínio da prosperidade, à queda de civilizações e ao desaparecimento de culturas. Admite-se que a queda do Império Romano se poderá em parte atribuir à diminuição da quantidade de água. É essencial à vida: o corpo humano tem aproximadamente 70% de água. Com o crescimento da população humana (no passado dia 15 de novembro atingiu os 8 mil milhões de habitantes), consome-se cada vez mais água, as fontes estão a ficar poluídas e as alterações climáticas estão a desestabilizar o seu ciclo. À medida que as atividades se desenvolvem, a água torna-se ela própria mais escassa (70% é usada na agricultura: existem técnicas cada vez mais económicas, podemos falar de uma verdadeira «revolução azul»). O 6.º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (Agenda 2030), procura garantir o acesso de todos à água e ao saneamento e assegurar uma gestão duradoura dos recursos hídricos. Mas em 2022, 600 milhões de pessoas não tinham um acesso mínimo a água potável e mais de 1,2 mil milhões a saneamento.

Os oceanos cobrem 71% da superfície da Terra e representam quase 97,5% da massa total de água (salgada). A água doce representa 2,5%, mas destes, 87% não são acessíveis (a maior parte está concentrada nos mantos de gelo da Antártida e da Gronelândia). A criosfera desempenha um papel fundamental no ciclo da água É abundante e não há escassez de água doce a nível mundial, os problemas relacionados com este recurso resultam da sua distribuição desigual em termos espaciais e temporais. Os lagos são os maiores reservatórios superficiais de água doce. A que está facilmente acessível apenas representa cerca de 0,7% das reservas mundiais. As regiões com maiores pluviosidades do globo encontram-se onde os fluxos provenientes dos oceanos (fonte) se encontram com obstáculos montanhosos (Himalaia). O rio Amazonas contém mais de 3000 espécies de peixes, das quais 1800 são endémicas. As áreas húmidas estão em risco, existe a sobreexploração dos recursos subterrâneos e é preocupante a poluição de origem agrícola, industrial e urbana (os pobres são as primeira vítimas destes desastres ecológicos: doenças relacionadas com a água, como a cólera). Em África os riscos relacionados com a água são enormes para as populações: as secas e as inundações, são as mais mortíferas. A catástrofe do mar de Aral é um cado de múltiplas crises da água. As novas tecnologias de tratamento das águas (ETAR…), a irrigação moderna, têm possibilitado melhorias nos ecossistemas hídricos. A Em Israel, cerca de 85% da água doce para consumo humano ou para a irrigação, provem do mar Mediterrâneo, após a dessalinização. Os Estados devem colaborar no desenvolvimento de projetos hídricos (como por exemplo das grandes barragens). 

Apesar de ser um território relativamente pequeno, Portugal apresenta assimetrias em termos hidrológicos. A barragem do Alqueva representa um pouco mais de quatro albufeiras de Castelo do Bode, que é a principal fonte de abastecimento de água a Lisboa. A escassez que nos afeta é um problema estrutural, bem diferente de uma seca, que vai e vem (risco hidrológico).

A professora de História, Maria José Neto em cooperação com os professores de Geografia, José Abrantes, Lucília Almeida e João Vaz, nas aulas partilhadas, arquitetaram Atividades de Projeto sobre a água, com alunos de três turmas do 7.º Ano: A, B e C.

Os trabalhos foram sendo elaborados ao longo das últimas semanas, articulados com os professores. Chegado o dia 22 de março, Dia Mundial da Água, no grande auditório da escola, os alunos foram os principais palestrantes e dinamizadores: autênticos fazedores de informação e do conhecimento (competências cognitivas). Com muita elegância apresentaram e partilharam as suas propostas, trabalhos com engenho e arte, focando vários domínios relacionados com o uso eficiente e proactivo da água: a começar por gestos diários em casa (desligue bem a água enquanto escova os dentes…), identificaram e localizaram fontanários locais e regionais, destacaram a importância estratégica do espelho de água da barragem do Caldeirão (abastecimento e produção de energia), apresentaram inovadoras infraestruturas de reutilização das águas pluviais, etc. Afixaram outros trabalhos, que se revelaram muito criativos e de grande valor estético. Disseminaram marcadores de livros, alusivos a Antigas Civilizações da Mesopotâmia (Tigre e Eufrates), do Vale do rio Indo, do Vale rio Amarelo, das cheias periódicas do rio Nilo, elaborados pelos próprios. No final, ainda houve tempo para atividades sem ecrã: sopa de letras e jogo de palavras-cruzadas, etc. Através desta iniciativa quisemos deixar a nossa pegada educativa para um futuro sustentável, despertar consciências por este recurso precioso, finito e ameaçado, promover mudanças comportamentos individuais (uso eficiente e gestão inteligente da água). Em suma, agirmos e percebermos que cada um de nós impacta a Terra todos os dias. Foi uma manhã extraordinária e muito enriquecedora do ponto de vista cultural e humano (aprendizagem social e emocional). Os participantes saíram satisfeitos e com certeza mais felizes.

Prof. João da Cunha Vaz (22 de março de 2023)

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